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Artigo/ Aprofundar a democracia – a fundação do Podemos

O Brasil é um país bipolar. Períodos de grandes esperanças são sucedidos por épocas de tragédias. Ou de farsas. Há pouco vivemos a euforia das manifestações pelo impeachment, que levaram às ruas milhões de brasileiros indignados com a corrupção. Hoje, na medida em que a Operação Lava Jato avança e expõe a dilapidação da nação brasileira por maus políticos e empresários, ninguém mais tem ânimo para protestar. A indiferença parece que tomou conta da população…

Mas eu acredito que a democracia é dinâmica e pode evoluir; mais, podemos ‘reinventar’ a democracia representativa, com mais participação e mais democracia direta. Aliás, a reinvenção da democracia é o único meio que temos para evitar o surgimento de alternativas autoritárias, messiânicas ou ‘salvadores da pátria’.

Porque, apesar de tudo, fora da política não há salvação. E foi por acreditar que a política é a principal ferramenta para a reinvenção da democracia é que nós decidimos fundar o Podemos.

Nosso partido quer resgatar os anseios democráticos da população, e da juventude em particular, que é o futuro do país. Anseios que os políticos tradicionais costumam desprezar.

Nós vimos milhões de jovens tomarem as ruas em 2013, em massivas e alegres manifestações, para exigir do governo melhores condições de transporte, saúde e educação. Não pediam o impossível, como em 1968; queriam só melhor qualidade de vida…

E se não houve respostas a estas demandas foi porque a forma como fazemos política está muito defasada. Não atende às reais necessidades da população. A política resume a um ritual: de quatro em quatro anos, o eleitor faz a sua escolha na urna eletrônica. Pronto; depois ele esquece! Na próxima eleição, nem se lembra em quem votou.

Hoje nós vivemos na era da informação, do mundo digital, das pessoas conectadas 24 horas por dia. Na era da internet, as pessoas querem ser protagonistas. Não aceitam mais serem passivas, se submetendo a decisões que trazem consequências para suas vidas sem participar delas.

Assim como não se contentam mais em apenas ler o noticiário, pois elas também querem opinar, as pessoas tampouco se satisfazem em votar de quatro em quatro anos. Elas querem cobrar ações dos políticos em que votaram; querem ver suas demandas contempladas nas decisões do Congresso Nacional. Como isso não acontece, as pessoas viram as costas para a política e para os políticos.

Preocupado com tal impasse, o Podemos se propõe a mudar essa realidade. Nós acreditamos, em primeiro lugar, que o resgate da res publica, da coisa pública, passa pela maior transparência do poder. O poder emana do povo, diz a Constituição.

Mas, para que o poder seja exercido realmente em nome do povo, é preciso primeiramente que ele seja transparente. Mais transparência, portanto, é a nossa primeira bandeira.

As outras bandeiras do Podemos são a participação cidadã e a democracia direta. Muitos críticos dizem que essas ideias são conceitos utópicos e idealistas; que seria impossível praticá-los em países tão grandes e populosos como o Brasil. Ou seja: participação e democracia direta só seriam possíveis em pequenas comunidades, como a polis da Grécia Antiga na época de Péricles, o pai da democracia.

Mas isso não é verdade. Hoje a maioria das pessoas está conectada por meio das redes sociais, no Facebook, no Whatsapp, no Instagram e em outras redes. Se, por exemplo, um político quiser saber a opinião de seu eleitorado sobre determinado tema ou sobre sua atuação, isso pode ser feito em segundos.

Temos ferramentas de participação formidável nas mãos! Usando as redes sociais, o Podemos está inaugurando uma prática inteiramente revolucionária: submeter à votação dos eleitores, via internet, determinados temas para saber qual posição deverá adotar na votação desses temas no Congresso.

Com o uso das novas tecnologias, o cidadão passa a participar das tomadas de decisões no dia-a-dia. Sua participação na política se tornará cada vez mais constante, não se resumindo à época das eleições. Com isso, a democracia se fortalecerá.

Para mim, um exemplo marcante dessa prática foi quando coloquei meu voto sobre a admissibilidade do processo contra o presidente Michel Temer para ser submetido à consulta à população.

Eu era pessoalmente favorável à admissibilidade, mas me comprometi a votar de acordo com a decisão da maioria. Quase 95% dos consultados se colocaram a favor do processo – o que me deixou muito feliz, pois minha posição coincidiu com a da maioria. Mas, se não coincidisse, eu votaria contra minha posição assim mesmo. Isso é respeito à maioria, respeito às regras do jogo democrático…

Nós, do Podemos, acreditamos que o Brasil está passando por uma difícil fase de transição, mas que temos todas as condições de reverter a grave crise econômica e política que estamos vivenciando.

Sim, é possível retomar o crescimento econômico, a geração de emprego e a distribuição de renda, melhorando a qualidade de vida do brasileiro.

Esse é um momento muito importante para o país. Eu acredito que 2017 é o ano de passar a limpo o Brasil e que 2018 será o ano da mudança. Temos que ficar felizes: pela primeira vez na história os políticos corruptos estão indo para a cadeia. Mais do que isso, a nossa juventude, que antes estava apática, passou a discutir política. Não tem como pensar no futuro sem a participação do jovem. É o jovem quem ocupará as cadeiras dos legislativos municipais, estaduais e federais.

O Podemos acredita que a mudança no Brasil não se trata de colocar pessoas diferentes no poder, mas um poder diferente em cada cidadão brasileiro para que ele seja protagonista das principais decisões do país.

A mudança passa pelo empoderamento de cada cidadão. Quando a gente entende que o problema está na nossa mão, aí nós temos como resolvê-lo. O Podemos devolve isso para o cidadão: ele tem que entender que a mudança começa por ele.

A política precisa se adaptar a essa nova realidade. É isso que o Podemos se propõe. Nós sabemos que não estamos sós neste propósito. No mundo todo, ganha força essa nova ideia de partido; a ideia de ‘partido-movimento’, guiado não por vanguardas iluminadas, mas pelos interesses de cidadãos que se tornam cada vez mais protagonistas.

O Podemos acredita que só o aumento da participação da população na política e a proliferação de ações de democracia direta evitarão que o eleitorado se desencante de vez com a democracia e passe a considerá-la supérflua.

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos

 

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