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ARTIGO – Futebol feminino na luta pela cidadania plena

  • Renata Abreu

O governo federal anunciou dias atrás um plano de ações para incentivar a formação e a profissionalização do futebol feminino no País. Não é fácil ser mulher no Brasil, por isso o Podemos enxerga a estratégia do Ministério do Esporte como precioso e importante passo pelo empoderamento e igualdade de gêneros. Além de vir a ser uma injeção de estímulo e esperança na luta do nosso partido contra o estereótipo criado pela sociedade, que coloca a mulher em caixinhas, cria rótulos, dita comportamentos e padroniza a imagem dela de forma bem preconceituosa.

O futebol é paixão nacional, ninguém duvida disso. E sendo o Esporte, tal qual a Educação, mecanismo fundamental para a transformação social, acreditamos ser esse mais um caminho para o fim da discriminação contra a mulher, que no passado chegou a ser classificada como cidadã de segunda classe, sem direito de votar ou ser votada, sem voz ativa na família nem na sociedade, quem escolhia com quem casaria era o pai e antes da Lei do Divórcio (em 1977) seus filhos não eram aceitos em escola se a mãe fosse separada do marido.

Nem podia jogar futebol. Só escondida. Isso porque no governo Getúlio Vargas um decreto de 1945 proibiu as mulheres de praticarem ‘desportos incompatíveis com as condições de sua natureza’, ou seja, futebol nem pensar. Proibição que ficou mais explícita na ditadura militar, com a resolução do Conselho Nacional de Desportos de 1965. E essas normas só foram revogadas em 1979.

As mulheres ainda lutam pela cidadania plena, que consiste em respeito, valorização, participação e igualdade. Registros históricos do Brasil mostram o quão elas têm derrubado os muros da segregação, ingressando em todas as áreas onde querem atuar. No futebol não tem sido diferente. Estão driblando as barreiras sociais com perseverança, dedicação e talento entre as quatro linhas do gramado, muitas vezes com atuações que chegam a superar o gênero oposto.

Mesmo com pouco ou quase nenhum apoio e incentivo, as jogadoras merecem os mesmos direitos que os homens no futebol, que o diga a nossa camisa 10 Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo e que teve de deixar o Brasil muito jovem para ser valorizada e idolatrada no Exterior. Ainda há um abismo no nosso futebol profissional, com 18.677 homens federados contra apenas 622 mulheres, segundo levantamento da CBF divulgado no final do ano passado. Essa é mais uma batalha a ser travada pela igualdade de gêneros.

O anúncio da ministra Ana Moser sobre a Estratégia Nacional do Futebol Feminino fala em incrementar esse esporte em competições, na organização de times, na formação e no reconhecimento da modalidade de uma maneira geral, proporcionando condição para que as atletas se desenvolvam e tenham cada vez mais sucesso esportivo e presença na sociedade. Quer tornar os estádios mais amigáveis para mulheres, crianças e família e regulamentar o futebol misto. Além de cogitar a candidatura do Brasil como sede do Mundial Feminino de 2027.

Ações que, somadas a investimentos, oportunidades e apoio na base, devem diminuir o êxodo de nossas craques e consolidar o País como potência do futebol feminino. E para que essas medidas funcionem, o nosso Podemos vai fiscalizar e cobrar para que todas saiam do papel, porque consideramos serem importantes ações não só para esse esporte, mas também para as mulheres em geral. Tomara resulte em mais uma conquista da nossa luta por respeito, valorização, participação e igualdade de oportunidades no Brasil.

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo.

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