- Renata Abreu
Acabamos de registrar o pior semestre em empregos com carteira assinada fechados em 28 anos. Quase 1,5 milhão de vagas evaporaram. E olha que a metodologia do Caged/IBGE considera apenas pessoas que não estão trabalhando, mas estão procurando emprego. Isso significa que o buraco é bem maior do que a gente imagina, porque não contabiliza os que desistiram de procurar trabalho, seja por causa do confinamento social, sabiam que não adiantaria procurar nada agora ou porque perderam a esperança. Preocupante!
A pandemia do coronavírus pegou nossa economia de calças curtas, ainda cambaleando para sair dos elevados índices de desemprego dos últimos anos. E hoje temos um mercado mais bem fragilizado, com quase 13 milhões de desempregados e 35 milhões de trabalhadores na informalidade.
Fora o contingente de empresas quebradas e extintas. De acordo com o IBGE, mais de 500 mil fechamentos de empresas no Brasil foram decorrentes da crise sanitária, com a quase totalidade (99,2%) na categoria micro. Outras 4,1 mil tinham porte intermediário, de 50 a 499 empregados, e 110 eram grandes empresas, que tinham mais de 500 empregados.
É desolador! E esse quadro tende a piorar com o fim do auxílio emergencial às camadas mais vulneráveis da sociedade e dos acordos do Programa Emergencial do Emprego e da Renda, conforme a Lei 14.020/20. As empresas sobreviventes desse tsunami bacteriológico econômico, diante do faturamento menor, terão dificuldades para adequar a folha salarial. Dificilmente, terão força para recontratar os demitidos, se nada for feito.
São sombrias as projeções para a recuperação da atividade econômica, corremos sério risco de 2020 acabar com 18% de desempregados. A retomada da agenda de reformas, aliada à estabilidade política, pode alterar esse cenário.
Precisamos oferecer alternativas aos mais alijados do mercado de trabalho. Compete ao Congresso e o governo federal manterem-se mobilizados para amparar os mais carentes, oferecendo outro programa social de renda ou até mesmo prorrogando o auxílio emergencial.
É preciso não esmorecer nos esforços para manter as empresas em funcionamento, para que empregos e renda sejam efetivamente garantidos. A Reforma Tributária surge como um caminho mais sólido para trazer de volta a confiança das empresas e injetar novo ânimo nos negócios. Estamos todos empenhados para que a mudança no sistema tributário seja votada ainda neste segundo semestre na Câmara dos Deputados.
Mas não pode ser uma reforma pequena, que se torne uma mera mudança de carga setorial. A retomada da economia, com geração de emprego e renda, exige um sistema tributário menos complexo e menos burocrático, que reduza a pesada carga de impostos paga por todos, que traga mais competitividade ao nosso produto no Exterior e que permita mais dinheiro na mão do trabalhador.
Feito isso, dá pra ver a luz no fim no túnel e sair do escuro econômico!
- Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo