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ARTIGO – Se não sabe o que falar, silencie!

  • Renata Abreu

A relação pai/filho(a) é singular e intransferível. São muitas as variáveis que atuam nessa convivência, tanto que é comum irmãos terem visões diferentes. A minha não é a melhor ou a pior, simplesmente é a minha, construída com amor, respeito e admiração.

Tenho na memória, perpetuada pelas fotos de família, minha expressão de felicidade na infância, eu sentada no colo de meu pai toda sorridente e segura de que nada de ruim poderia me acontecer. Lembro das noites em que ele não voltava para casa, por causa do trabalho, e eu ficava sem entender sua ausência. Hoje sei o quão difícil deve ter sido renunciar a muita coisa para se tornar pai e formar uma família linda, unida e feliz.

Acho que nunca perguntei ao meu pai qual o seu maior sonho, ou o que mais gostaria de ter feito na vida. Só sei que ele nunca deixou faltar nada em casa, principalmente amor, disciplina, respeito e até castigo, quando necessário.

Meu amado José de Abreu deve ter se questionado muitas vezes se alguma atitude tomada foi a mais correta, ou o que mais poderia ter feito para garantir um futuro melhor para mim e minha irmã. Pode ser que tenha se sentido incapaz em muitas ocasiões, achando que não tinha feito o suficiente. Mas estou aqui para dizer que meu pai não só fez o suficiente como foi muito além.  

Os valores ensinados por ele me deram base para construir a minha personalidade, calcada no diálogo, respeito, empatia e humildade. É por isso que hoje sinto que estou perdendo a fé na humanidade. Me refiro à infeliz declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o prefeito de São Paulo Bruno Covas. Foi desumana! E infeliz!

Vivemos um tempo muito sofrido, e se torna urgente respeitar a dor de filhos que perderam os pais, de pais que perderam filhos, independentemente da causa dessas mortes. Antes de atacar, desmerecer, tripudiar, coloque-se no lugar do outro, destrinchando toda a situação vivenciada pela pessoa, entendendo seu ponto de vista e suas ações. Precisamos ter empatia e respeitar os momentos de extrema vulnerabilidade das pessoas. Se não sabe o que falar, silencie!

Bruno Covas, sabendo que teria poucas semanas de vida, fez com seu filho uma despedida, indo ao Maracanã assistir a última partida do time de coração deles, o Santos.  Homem público, que exerceu uma das profissões mais bonitas e importante do planeta, Bruno foi acima de tudo pai, na grandeza de seu amor por Tomás Covas Lopes. Merece respeito!

Feliz Dia dos Pais, José de Abreu, Bruno Covas (em memória) e demais pais do Brasil, é o amor de vocês que transforma o futuro de seus filhos!

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo

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