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ARTIGO – É preciso estancar a escalada da morte

  • Renata Abreu

O vírus não será nocauteado com negacionismo, obscurantismo, discursos raivosos ou frases ofensivas. Nosso país está sob alto risco, não há mais UTIs, pessoas estão morrendo na fila por socorro médico. Já começam a faltar remédios e novamente oxigênio.

São quase 3 mil lápides por dia. A linha de frente da Saúde dá sinais de exaustão e abalo emocional, sentindo-se impotente diante de tantos óbitos. Tem gente de todas as idades e classes sociais morrendo na calçada, sentada no setor de triagem, no chão da recepção. Imagine ter de escolher quem deve ser salva e quem vai morrer porque não há leito para todos. Isso é cruel demais!

Temos de estancar a escalada de morte. Mas as medidas para frear a doença só terão efeito se forem tomadas em conjunto pelos governos federal, estaduais e municipais. E com o envolvimento consciente e humanitário da população. Esse é o pacto nacional que o Brasil precisa, envolvendo a todos, sem exceções, nesta luta pela preservação de vidas, salvando os doentes e ajudando os que têm fome, os desempregados e os micro e pequenos empresários (hoje, na condição de desempresários). 

A sensatez e a responsabilidade precisam prevalecer nas atitudes. Em momentos de crise, como agora, é fundamental exercer a empatia, colocar-se no lugar de quem está sofrendo por falta de ar ou falta de comida. Não podemos desdenhar do sofrimento alheio. Não se trata de mimimi, estamos diante da mais grave guerra epidemiológica do planeta.

Não existe o Brasil de Bolsonaro nem o Brasil de Lula ou de quem quer que seja. Existe, isso sim, o Brasil dos brasileiros. É por esse Brasil que devemos lutar, unidos numa força só! No Brasil ainda predomina a visão de que presidente da República é o salvador da Pátria. Isso não existe. Mas compete a ele, como comandante da Nação, ser pacificador e conciliador. E neste terrível momento que atravessamos, ser o indutor de políticas nacionais eficazes de combate ao vírus. Afinal, vidas brasileiras importam!

Sair às ruas porque não concorda com a restrição de circulação de pessoas não intimida a Covid-19. Aglomerar porque não gosta do governador A ou do prefeito B não surte efeito diante da voracidade do vírus. Aliás, a Covid-19 ‘adora’ aglomeração. Estamos atravessando o maior colapso sanitário e hospitalar da história. Os números não mentem: o sistema de saúde está sobrecarregado, o consumo de remédios está tão intenso e há risco de faltarem medicamentos nos hospitais nos próximos dias. Vivemos o pior momento da pandemia em um ano.

Quanto mais voraz for a pandemia pior será para recuperação da economia. Os embates políticos precisam ser deixados de lado. Nosso País precisa de lucidez, de mobilização e união de governantes e parlamentares, das entidades religiosas e de classes, sindicatos, ONGs, artistas, movimentos sociais, líderes de diversos segmentos, enfim, todos juntos para frear o avanço o vírus e, conjuntamente, ajudar a quem mais precisa. Há de ter compaixão pelos que estão sofrendo todas as consequências dessa pandemia. O coletivo precisa se sobrepor ao individual. Só assim venceremos essa guerra invisível.

Enquanto não houver vacinação em massa, precisamos voltar estender a mão a quem precisa, como fizemos ano passado. Eu continuo me doando ao próximo. Cresci vendo meus pais se dedicando aos mais vulneráveis, e essa passou a ser também a minha missão como cidadã e brasileira. Cada vida perdida é uma derrota nesta batalha. Vamos virar esse jogo!

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo

3 thoughts on “ARTIGO – É preciso estancar a escalada da morte

  1. Rafael Perez says:

    Nobre deputada brilhante discurso, mas o exemplo tem q vir de cima e isso não aconteceu e não acontecerá. A grana do fundão eleitoral o congresso foi torrado e sem contrapartida pro povo contribuinte. Não vi o congresso nacional contribuir pra saúde visando esse seu discurso. Acho q foi colocado grana nas mãos de governadores e prefeitos e nada foi feito…agora, a conta é do cidadão contribuinte.

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