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ARTIGO – Fome dói, adoece e mata!

  • Renata Abreu

Alimentação é um direito social do brasileiro garantido pela Constituição, que, absurdamente, não está sendo garantido. A fome e a pobreza voltaram a assombrar milhões de famílias no Brasil. A fome sempre foi um problema grave, mas a situação piorou muito com a Covid-19.

São quase 20 milhões de brasileiros passando fome!!! Eles não têm o que comer, mostra levantamento feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). O maior número da série histórica do Ministério da Cidadania, iniciada em agosto de 2012. Isso quer dizer que quase 10% da população está subalimentada.

A Penssan apurou também que 116,6 milhões de brasileiros (55,2%) não têm acesso pleno e permanente a alimentos. E que 43,3 milhões não têm alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada).

Dados de outra pesquisa, coordenada pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Universidade Livre de Berlim, mostram 125,6 milhões de brasileiros (59,3% da população) não comem em quantidade nem qualidade ideais desde a chegada da pandemia do novo coronavírus.

Tanto um levantamento quanto o outro mostram dados chocantes, mas a realidade pode ser até mais aflitiva, já que as pesquisas foram feitas antes do aumento da inflação dos últimos meses. Portanto, é provável que a situação esteja pior.

Antes da pandemia, eram 57 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar; 13,4 milhões de famílias em situação de extrema pobreza, quando a renda per capita é de até R$ 89 mensais, de acordo com o governo federal; e 2,8 milhões de famílias em situação de pobreza, com renda entre R$ 90 e 178 per capita mensais. 

A crise humanitária não é de agora. Levamos 10 anos para o País sair do Mapa Mundial da Fome, que é monitorado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mas estamos de volta. Infelizmente!  Um país entra no Mapa da Fome quando a subalimentação afeta 5% ou mais de sua população.

Em 2013, o Brasil teve o melhor nível de segurança alimentar da série histórica (Pnad), com mais de 77% dos domicílios nessa condição. Dados do IBGE mostram que a insegurança alimentar, que caía desde 2004, voltou a subir em todas as suas formas a partir de 2014, por causa da forte recessão de 2015-2016, que encolheu o PIB em 7,2%. Em 2017-2018, a situação de segurança alimentar era vivenciada por apenas 63,3% dos domicílios pesquisados.

Com o passar dos anos fomos caindo. Agora temos um desafio ainda maior. Quem vive precisa comer. E hoje o número de brasileiros que estão pelas ruas é cada vez maior porque o desemprego também é muito grande:  30 milhões sem teto para morar e quase 15 milhões sem trabalho.

Fome dói, fome adoece, fome mata. E muitos brasileiros têm que escolher entre comer e morar. Triste e dolorida realidade. Temos de agir rapidamente para tirar o Brasil da geopolítica da miséria.

Com o fortalecimento do salário-mínimo, geração de empregos formais, política habitacional, saneamento básico, reformas tributária e agrária, projetos de transferência de renda, políticas de promoção da segurança alimentar, além do envolvimento da sociedade em campanhas de doações, combateremos as desigualdades e garantiremos que pessoas em situação de pobreza não passem mais fome no Brasil e tenham um lugar digno para viver.

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo

1 thoughts on “ARTIGO – Fome dói, adoece e mata!

  1. Eliana Maran de Oliveira says:

    Renata, o auxílio emergencial acabou, ele precisa continuar não há tempo para implantar novo benefício. Teremos o pior final de ano dos últimos anos. Precisamos de mais cestas básicas, uma a cada dois meses para quem deve comer todos os dias é uma piada de mau gosto. Cestas pequenas . Por mais que sejamos um povo solidário, não está dando, a fome está batendo nas casas próximas a nós.

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