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ARTIGO – Quem esconde o passado compromete o futuro

  • Renata Abreu

A urna eletrônica foi implantada de forma gradual no Brasil a partir de 1996, e não há dúvida quanto a celeridade que trouxe para o processamento dos resultados eleitorais. Mas plantou também uma pulguinha atrás da orelha de eleitores sobre a votação digital.

Vira e mexe o tema entra em ebulição. Basta termos eleições acirradas para o eleitorado ser envolvido, na maioria das vezes, numa queda de braço entre adversários e partidos políticos, cada qual com sua versão sobre o resultado das urnas.

O que boa parte desses adversários e partidos não revelam publicamente é que o posicionamento de hoje difere completamente da posição tomada por eles nas vezes anteriores em que o voto auditável impresso dominou os debates no Congresso Nacional.

Olha só, quem lá trás defendia, com unhas e dentes, a impressão do voto, adotando o discurso de que a sociedade tinha o direito de eleições mais transparentes, hoje vota contra. Dos 147 deputados federais que participaram da votação de novembro de 2015 e da de 2021, 69 simplesmente mudaram de lado agora, ou seja, deixaram de apoiar a implementação do comprovante em papel.

O que mudou? Mudou o foco!

Tanto na aprovação da PEC de 2009 quanto na de 2015 (declaradas inconstitucionais pelo STF, sob o argumento de quebra do sigilo do voto), o Congresso decidiu que a urna eletrônica deveria dispor de um mecanismo que permitisse a impressão do voto, sua conferência visual pelo eleitor e depósito automático, sem contato manual, em local previamente lacrado. E a aprovação deu-se com a justificativa de que a população tinha o legítimo direito de saber se o voto dela era mesmo respeitado.

Pois bem, partidos que anos atrás defendiam ser o voto impresso vital para a democracia agora escondem seu passado, votando contra só porque Bolsonaro defende. Bolsonaro não é o dono do voto impresso. O voto impresso não tem dono. Não pertence ao presidente da República nem a uma ala ideológica. O voto impresso é decisão que compete ao povo! Sondagem feita pelo Instituto MDA Pesquisa por encomenda da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que 58% do eleitorado é favorável à impressão do voto.

Se a população desconfia da urna eletrônica, vale qualquer preço para fortalecer a democracia. Em que pese o voto hoje já ser auditável, uma segunda verificação poderia ser feita. É por isso que defendemos o plebiscito, para que o povo seja ouvido em questões como essa.

Nós, do Podemos, não defendemos Jair Bolsonaro. Somos um partido independente, não importa quem esteja governando o país. E não escondemos o nosso passado. Como no impeachment de Dilma Rousseff, na abertura de investigação contra Michel Temer e na redução da maioridade penal, agora também abrimos consulta popular  (http://bit.ly/Voto2022) para que os cidadãos decidissem como a nossa bancada votaria no plenário: o resultado foi a favor do voto impresso.

Democracia direta é isso! Consultar sempre o cidadão, que tem o legítimo direito constitucional de decidir o que considera ideal para o Brasil.

  • Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo.

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