*Por Renata Abreu
Entramos no Outubro Rosa, movimento mundial criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama. No mundo, e o Brasil se inclui nisso, o câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional.
Segundo a Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil (Inca), o número de casos estimados de câncer de mama feminina em nosso país, para este ano, é de quase 60 mil. Só em nossas capitais, esse número corresponde a quase 20 mil novos casos a cada ano.
No ano passado, foram 16 mil óbitos de mulheres. A taxa bruta de mortalidade por esse câncer foi de 15,4 óbitos por 100 mil mulheres no país. As maiores taxas foram nas regiões Sul e Sudeste, chegando a atingir mais de 20 óbitos por 100 mil mulheres no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
Não podemos de forma alguma ignorar esses altos índices de casos e óbitos por conta da doença. Trata-se do tipo de câncer que mais atinge as mulheres em nosso país e, excetuando-se os tumores de pele não melanoma, é também o que mais mata. Isso é uma realidade que precisa ser considerada.
A maior dificuldade para conseguir realizar a mamografia e iniciar o tratamento quando existe uma queixa mamária ainda é a falta de acesso. Dados do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS mostram que no ano passado foram realizadas 4.609.094 mamografias no país. Isso significa aumento de 19% se comparado aos exames feitos em 2012 na faixa etária de 50 a 69 anos.
Entretanto, a despeito dos avanços em algumas frentes de ação, há ainda muitas dificuldades na rede pública de Saúde para dar agilidade à investigação diagnóstica e ao tratamento da doença. O exame mais comum para detectar esse tipo de câncer ainda está sendo pouco empregado no nosso país.
Levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, revela que entre as 11,5 milhões de mamografias que deveriam ter sido feitas em 2017, apenas 2,7 milhões foram realizadas, ou seja 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E quanto menos investimento no rastreamento mamográfico, mais mortes. Isto é fato!
Boa parte das 5.570 cidades do Brasil não tem mamógrafo na rede pública. Outra parcela tem o equipamento, mas está quebrado. Há também falta de técnicos e médicos para fazer o exame. Além da fila de espera entre a realização do exame e o recebimento do resultado. Mesmo que a Lei Federal 12.732/2012 determine a realização do primeiro procedimento no tratamento contra a doença em, no máximo, 60 dias após a comprovação, isso nem sempre acontece. E está mais do que provado que o diagnóstico precoce eleva para 95% a chance de cura.
Da parte das pacientes, a resistência de muitas mulheres em não fazer mamografia está relacionada ao medo do tratamento e à dor causada pela compressão das mamas durante o exame. De fato, o incômodo existe, mas o que é essa dor momentânea diante de um problemão mais pra frente? Mulheres, pensem nisso!
*Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo